"Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um poeta brasileiro. Sua obra é
extremamente original. É considerado um dos poetas mais críticos de sua
época. Foi identificado como o mais importante poeta do pré-modernismo,
embora revele em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto
pela morte, a angústia e o uso de metáforas. Declarou-se "Cantor da
poesia de tudo que é morto". O domínio técnico em sua poesia,
comprovaria também a tradição parnasiana. Durante muito tempo foi
ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário mórbido e vulgar. Sua
obra poética, está resumida em um único livro "EU", publicado em 1912, e
reeditado com o nome "Eu e Outros Poemas".
Durante sua vida, publicou vários poemas em jornais e periódicos. Em
1912 publicou seu único livro "EU", que causou espanto, nos críticos da
época, diante de um vocabulário grotesco, na sua obsessão pela morte:
podridão da carne, cadáveres fétidos e vermes famintos. Como também por
sua retórica delirante, por vezes criativa, por vezes absurda, como
neste trecho do poema "Psicologia de um Vencido": "Eu, filho do carbono e
do amoníaco,/ Monstro da escuridão e rutilância,/ Sofro, desde a
epigênese da infância,/ A influência má dos signos do zodíaco".
Em 1908, Augusto dos Anjos é nomeado para o cargo de professor do Liceu
Paraibano, mas em 1910, é afastado do cargo por desentendimentos com o
governador. Nesse mesmo ano casa-se com Ester Fialho e muda-se para o
Rio de Janeiro, depois que sua família vendeu o engenho Pau d'Arco. Em
1911 é nomeado professor de Geografia, no Colégio Pedro II.
Em
1914, Augusto dos Anjos é nomeado Diretor do Grupo Escolar Ribeiro
Junqueira, em Leopoldina, Minas Gerais, para onde se muda. Nesse mesmo
ano, depois de uma longa gripe, é acometido de uma pneumonia.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos morre em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de novembro de 1914."
(Fonte: http://www.e-biografias.net/augusto_anjos/. Acesso: 30/03/2015)
Curiosidade bibliográfica:
Em sua cidade natal, Engenho do Pau D’Arco, o escritor conduzia reuniões mediúnicas e psicografava.
Duas Poesias famosas do poeta:
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
(Fonte: Augusto dos Anjos)Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Opinião particular:
Suas poesias possuem uma intensidade incrível, capaz de arrebatar os leitores que gostam de uma poetica mais visceral e forte, fazendo uma critica direta à alguns aspectos que se perduram ao longo do tempo.
Namasté!
Luz Verde.
Rafa Self.
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